Ministério da Saúde prevê volta de ocorrências de algas azuis no Rio Uruguai

O coordenador nacional do Programa de Vigilância da Água, do Ministério da Saúde, Cícero de Góes Júnior, previu, ontem, que as ocorrências elevadas de algas azuis na bacia do Rio Uruguai tendem a piorar nos próximos anos. Góes Júnior participou como convidado da audiência pública que debateu as condições da água do Rio Uruguai em Uruguaiana. A audiência foi promovida pela Câmara Municipal e ocorreu no plenário do Palácio Borges de Medeiros.

A audiência debateu as causas e soluções para o fenômeno ambiental que vem sendo verificado há três anos em Uruguaiana. Entre janeiro e abril deste ano, a elevada concentração de algas azuis em pontos de captação da água da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), no Rio Uruguai, colocou sob vigilância a cidade. As águas brutas com elevada incidência de algas azuis representam um risco à saúde humana e animal quando ingeridas sem tratamento. As cianobactérias (algas azuis) possuem toxinas que afetam o sistema nervoso e o sistema hepático.

Segundo Góes, o fenômeno não é exclusivo na Fronteira Oeste do Estado, porque a incidência de cianobactérias em rios brasileiros vem crescendo de forma “espantosa”. Desde 2002, dados revelam o crescimento de floração das algas azuis (cianobactérias) em rios das regiões Nordeste e Sudeste. O Ministério da Saúde atribui alguns casos de mortes de pacientes submetidos a tratamento renal à contaminação por cianobactérias.

– Estou sendo catastrófico ao prever a piora da ocorrência de cianobactérias, mas em qualquer lugar do Brasil toda água não tratada está contaminada. Este problema só poderá ser resolvido se houver uma ação conjunta em todos os municípios, envolvendo produtores rurais, prefeituras e outras organizações da sociedade civil. Uruguaiana não resolverá esse problema sozinha. O ideal é que o comitê de gerenciamento da bacia hidrográfica seja o órgão condutor das soluções por possuir maiores possibilidades para encaminhar as soluções e os projetos – destacou.

Góes sugeriu que ações de contenção da proliferação das algas sejam coordenadas por um comitê de gerenciamento da bacia hidrográfica e que entre as prioridades haja uma política de saneamento da bacia do Rio Uruguai. Para o coordenador nacional, o governo federal destinará R$ 40 bilhões para obras de saneamento básico pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e que somente os municípios que possuírem um plano municipal de saneamento ou um plano regional de saneamento poderão receber estes recursos.

Na audiência pública, também expuseram suas avaliações a representante do Departamento de Ensaios e Apoio Laboratorial, da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), Andréia Vidal dos Anjos, e o chefe-regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Maurício Vieira de Souza. Os dois observaram que a captação de água do Rio Uruguai esteve sob vigilância, entre os meses de janeiro e abril deste ano, pela elevada concentração de algas azuis. Segundo a Corsan, os períodos de estiagem e de pouca vazão do rio são os momentos de maior proliferação das cianobactérias.

20 de outubro de 2008